Súmula Histórica

O Aveloso recebeu carta de foral de D. Manuel I, outorgada em Lisboa, em 21 de Abril de 1514, carta essa que tinha ainda como destinatários os moradores de diversas terras, lugares e concelhos do Bispado de Lamego.

Em 1758, segundo o Dicionário Geográfico de Portugal, ou as Memórias Paroquiais do Padre Luís Cardoso, o Abade do Aveloso, José Correa Torres, considerava, mas sem razão, que a sua freguesia era tão limitada que só tinha de memorável a sua pequenez. O Aveloso só dependia então da Corôa. Era Abadia de apresentação ordinária e de alternativa com o Papa e o Prelado Diocesano.

Foi um dos concelhos antigos integrados no atual concelho da Meda. Tinha, então, Câmara, com dois juízes, dois vereadores e um procurador, não estando a sua justiça sujeita a outra justiça ordinária, mas tão só à correção pelo Corregedor e Provedor da Câmara.

A antiga vila do Aveloso foi pertença de Penedono, cujo Concelho deu aos Bispos de Lamego o terreno que duas juntas de bois pudessem lavrar; assim se desbravaram matos incultos na sua área e se fez ali uma grande quinta e uma boa povoação, onde os Prelados de Lamego puseram depois um juiz, com couto da mitra, que depois largaram, e emprazaram a quinta.

Pouco depois, o Aveloso tornou-se uma residência de verão dos Bispos de Lamego, funcionando a Câmara Eclesiástica na Igreja Paroquial, prerrogativas estas que perdeu mais tarde em favor de Trevões. Ainda hoje é possível apreciar importantes vestígios arquitetónicos desse período na moradia da família Almeida, perto da Praça e do pelourinho. O Prof. Dr. Adriano Vasco Rodrigues (“Terras da Meda – Natureza e Cultura”), refere que no Aveloso se podem admirar janelas e portais manuelinos, bem como cruzes da Ordem dos Templários e da Ordem de Cristo gravadas na pedra, que, para outros autores, serão antes de mais, marcas da cultura judaica.

Ainda segundo o mesmo Autor, entre as casas senhoriais existentes no concelho da Meda, destaca-se o “Solar do Bispo ou Convento”, um conjunto urbano pertencente ao Bispo de Lamego, de que há vários testemunhos, como a cozinha, a moldura de uma janela quinhentista e um portal também lavrado, cuja recuperação se deve à Drª Silvina de Almeida. À entrada da porta da cozinha gravaram nos umbrais de granito a Cruz de Cristo e símbolos que poderão datar do século XVI. Os Bispos de Lamego tinham ali duas moradias, uma quinhentista, o “convento” e outra posterior (séculos XVII-XVIII), hoje habitada ainda. As ruínas do “convento” “ruiram fragorosamente numa noite de 1925”, segundo Abrunhosa Tavares no nº 12 do jornal “Luz da Beira”.

O concelho do Aveloso foi extinto pelo Decreto nº 23, de 16 de Maio de 1832, passando desde então a pertencer ao concelho da Meda.

A Paróquia era abadia da mitra e é dedicada a Nossa Senhora do Pranto, cuja imagem, possivelmente do século XVII, se venera no altar-mór da Igreja, tendo dois altares colaterais, um dedicado a Nossa Senhora do Rosário e o outro a S. Bráz. De acordo com informações prestadas por D. Joaquim de Azevedo, Capelão da Casa Real e Abade de Cedovim, a paróquia tinha 77 fogos e 110 almas, tendo capelas dedicadas a Nª Srª da Soledade, Senhor do Calvário, ou Santa Cruz, S. Sebastião (em cuja devesa se fazia feira em dia S. Braz); a capela de Nª Srª do Loreto, de Nicolau de Tovar, que era senhor da antiga casa de D. José António de Lucena Noronha e Faro, moço fidalgo que foi D. Prior da colegiada de Cedofeita, do Porto.

De entre os filhos notáveis do Aveloso, que tem vários, pode-se destacar o famoso “Vicesse”, que, em terras de Angola, adquiriu tal notoriedade e respeito entre os indígenas que, quando da Exposição Colonial levada a efeito no Porto no início do Século XX, estando ele com avançada idade, e perante alguns indígenas que ali faziam uma guarda de honra, levantou o seu grito de guerra, a que os indígenas corresponderam deixando o seu posto e correndo de imediato para junto de si, constituindo como que o seu corpo de segurança.

Outra figura notável do Aveloso foi Albano de Jesus Beirão, o “Albaninho” ou o “Albano do Mal”, que se tornou conhecido como o “Homem Macaco”, e que, dos 7 aos 50 anos de idade, nos primeiros anos do século XX, por efeito de uns ataques que sofria, à média de duas vezes por dia, adquiria alguns dons aparentemente sobrenaturais. Em certas ocasiões parecia ter características dos símios. Depois de ter dado um ou dois gritos, tornava-se muito leve, adquiria uma força descomunal, ficava invulnerável e o seu corpo amoldava-se de tal modo que podia passar por uma vulgar sarjeta. Quando bebia enormes quantidades de qualquer líquido, a beberagem funcionava como um interruptor, retornando-o a uma situação normal. Era o terror da baixa lisboeta, do comércio do Porto e de algumas cidades portuguesas. Foi o autor de inacreditáveis façanhas em diversos locais, no País e fora dele, designadamente em Angola, para onde especialmente o embarcaram e onde pensavam que acabasse. Trazido de Angola, onde permaneceu cerca de dois anos e se tornou o terror dos indígenas, foi levado a todas as universidades da Europa, interessados em conhecer o seu caso. Nunca foi diagnosticado o seu mal, que veio a desaparecer aos 50 anos de idade, tão naturalmente como começou. Faleceu no Hospital da Guarda e foi sepultado no Aveloso, nos primeiros dias de agosto de 1976. Há quem fundadamente defenda que a sua vida, com tais pormenores e aventuras, teria inspirado a figura mundialmente conhecida por “Tarzan”, que o seu “criador”, o escritor americano Edgar Rice Burrowhs tratou exaustivamente em livros para a juventude e depois levou ao cinema.

Bibliografia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aveloso

http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74195/

RODRIGUES, A. Vasco; Terras de Meda – Natureza, Cultura e Património; Edição Câmara Municipal de Meda; 2ª Edição; 2002.
SARAIVA, Jorge António de Lima; O Concelho de Meda, 1838-1999; Edição Câmara Municipal de Meda; 1999.